3.6.04

COMPRAS
A carteira não anda famosa, mas no Parque Eduardo Sétimo há livrinhos de bd a troco de algumas moedas. Aqui fica a lista dos que comprei, todos com um atraso considerável, mas sempre muito a tempo:
- Dédalo, de Miguel Rocha (Polvo, 1999). Já o andava a namorar há uns anos, desde que o descobri num Festival da Amadora, ainda na velha (e saudosa!) Fábrica da Cultura. Como é hábito, narrativa e imagem mostram-se em coerente fusão, mas foi o traço, a preto e branco e com a marca indelével do autor, que me fez começar a perseguir Dédalo algures em 1999. Terminou a demanda, pois.
- Yaylalar, de Alain Corbel (Polvo, 2000). O fascínio do Mediterrâneo e das terras longas e silenciosas do sul, onde por vezes nos surpreende o contorno de uma figura, depois muitas, e depois o ruído agradável do convívio em torno de uma garrafa de vinho e de alguns pedaços de queijo. E o tempo sem nunca se modificar, mesmo quando leva consigo os ossos e as falas , deixando sempre intocáveis histórias e luz. O resto é o génio de Alain Corbel no seu traço e o modo suave e sempre marcante como cria as suas histórias.
- Lisboa 24h00, vários autores (Bedeteca/Lx Comics, 2000). David Soares, Nuno Fisteus, João Chambel, Isabel Carvalho, Pedro Nora, Miguel Falcato e Vespa são os responsáveis pelas cinco narrativas que compõem este livro, abarcando quase todas as horas de um longo dia em Lisboa. São cinco leituras diferentes de uma cidade que, às vezes, parece comer o tempo com uma voracidade difícil de suportar. Outras vezes é apenas uma cidade luminosa com muitos espaços de sombra, esquinas pontiagudas e recantos onde observar o movimento das horas é uma boa forma de conhecer o mundo.
- 16-1, de Filipe Abranches (Polvo, 1998). Outro fascínio antigo, este 16-1 (devendo o tracinho ser lido como uma seta, coisa que não consigo escrever no processador do blogger) junta uma narrativa capaz de despoletar reflexões e algumas digressões a um traço ágil, que constrói movimentos inusitados e recria constantemente a sensação da paisagem seca e da vinheta como centro de todos os universos.
Todos livros muito recomendáveis, portanto, e acessíveis mesmo às bolsas mais desguarnecidas. Paragem obrigatória no quiosque da Bedeteca, para as compras e para o resto, e nos pavilhões da Assírio e Alvim, que tem os Primata Comix da Polvo a preço de saldo.

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