8.9.04

A LUTA DOS TRABALHADORES (PELO HUMOR)
No passado Domingo fomos até à Festa do Avante de propósito para ver os Clã. O concerto foi óptimo mas curto, abruptamente interrompido, sem qualquer hipótese de encore (muito solicitado pelo público e visivelmente desejado pela banda), pela organização. É que estava na hora de tocar a "Carvalhesa"... Afinal, para quê ter os Clã com honras de encerramento se não os deixaram dar largas a um concerto que toda a gente gostava de ter apreciado por mais alguns momentos? Enfim, deixemos a critica musical e passemos ao cartoon.


Trabalho de Jugoslav Vlahovic (Sérvia e Montenegro)

Num dos espaços da festa estava patente uma exposição intitulada A Luta dos Trabalhadores Pelo Humor, com direito a catálogo volumoso e com bom ar que o Beco adquiriu por uns simpáticos 10 euros. A exposição enquanto tal não nos encheu as medidas. Imagens e painéis exactamente iguais aos do catálogo, dando a impressão de uma mera ?fotocópia?, incluindo no que ao texto de apresentação diz respeito não impressionaram. Falemos, então, do catálogo, o verdadeiro objecto relevante por entre a exposição. Editado pela Humografe e pela Festa do Avante, A Luta dos Trabalhadores Pelo Humor inclui um texto de Osvaldo Macedo de Sousa, com muita informação pertinente, sobre a história do cartoon em Portugal. O tom da escrita pode não ser do agrado geral, com um dialogo simulado entre pai e filho a deixar transparecer outras mensagens para além do assunto ?cartoon?, mas os dados fornecidos são claros, fundamentais e bem relacionados, com a mais valia de se fazerem acompanhar de cartoons portugueses da autoria de, entre outros, Raphael Bordalo Pinheiro ou Jorge Barradas .
Segue-se uma amostra de cartoons dos mais diversos pontos do globo, da Índia à Ucrânia, passando por Israel, Argentina, Líbano, França, Costa Rica, Angola ou EUA e, claro, Portugal. A linha que os une passa pelos direitos dos trabalhadores e pelas questões sociais inerentes às desigualdades do mundo. O nível dos cartoons é desigual, havendo algumas obras primas e alguns trabalhos mais ?fracos?, mas a reunião de tantos trabalhos de tantos autores espalhados pelo mundo vale, por si só, as 192 páginas do catálogo. A fechar, as biografias dos autores que enviaram os seus dados para a festa (havendo alguns que não o chegaram a fazer, facto pelo qual a organização pede desculpa). Como se lê na abertura: "O objectivo é reflectir, com humor, Sátira ou ironia, ou seja, com seriedade critica, a posição dos trabalhadores e do proletariado na sociedade contemporânea, através da visão de artistas de vários continentes, de várias formações culturais e sociais." Objectivo cumprido!

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